Mais uma vez o cinema escolhido foi o Cine Passeio de Curitiba, mas no Cine Ritz, sala de exibição no segundo andar que homenageia o cinema de rua inaugurado em 1948, com conturbada trajetória até encontrar seu fim em 2005. Como sempre a estrutura do Cine Passeio, inaugurado em 2019, impressiona pela qualidade acústica e de vídeo em tela curva. O filme inicia com uma referência ao fruto proibido, aquilo que levaria o tortuoso caminho da protagonista, mas utilizando de outra referência a frutas, este é o primeiro ato de gravidade em sua jornada. Entre o desenrolar da trama somos apresentados a novos personagens e ícones de Estrada da Fúria (2015), destaque à interpretação de Dementus por Chris Hemsworth, porém confesso que é difícil desvencilhar o ator de seu papel como Thor, durante o período Marvel (2011-2022). Já que falamos de uns dos antagonistas que cruzam o caminho de Furiosa, vale destacar a primazia que foi realizada a passagem de Alyla Browne (furiosa criança) para Anya Taylor-Joy (furiosa jovem), onde encontramos uma Furiosa menos falante que em Estrada da Furia (2015), porém não menos determinada. A prequel responde de maneira sútil através do roteiro, algumas questões levantas durante a franquia Mad Max, como o fornecimento de gasolina e alimentação. Durante a produção não faltam cenas brutais e plot twists, que consagra a protagonista como uma heroína martirizada, a interpretação da personagem demostra uma complexidade de emoções em poucas palavras. As prequels tem sido um recurso muito utilizado, empregado para mudar nossa concepção de determinado personagem em obra já consagrada, como é o caso de Star Wars I, II e III (1999-2005), Hobbit (2012-2014), Malévola (2014) e Cruella (2021). Entrando na parte técnica, o roteiro dialoga com diversos pontos soltos da franquia Mad Max, mas também levanta novos ao contar a história heroica da protagonista. A trilha sonora é um conjunto envolvente com a fotografia do filme, que investe em tons de contraste, movimentos e transições entre personagens e paisagens pós apocalípticas, características marcantes de George Miller. Vale ressaltar o figurino e maquiagem da produção que surpreendem em diversas cenas, feito que levou Mad Max: Estrada da Fúria, ao Oscar de 2016, quando levou 6 estatuetas de 10 indicações. Portanto, Furiosa é um filme que indico aos fãs de ação ou da franquia, tendo em vista as cenas demasiadamente brutais que elevam sua classificação indicativa hoje, e embaraçam sua presença televisiva, com seus cortes e censuras. Outro ponto negativo está na baixa bilheteria da produção, que pode atrapalhar ou suavizar os próximos passos da franquia Mad Max. Contudo, com o tempo, pode ser uma parte de uma maratona Mad Max, antevejo que surpresas vem aí.