A sala de exibição escolhida para estreia do filme legendado no Brasil, foi o Cine Luz, no complexo cultural do Cine Passeio em Curitiba, que se tornou o bem-sucedido projeto da prefeitura em resgatar os cinemas de rua da capital. Como sempre o mestre Hayao Miyazaki, nos leva a cenários incríveis, literalmente outro mundo, onde debate fortes temas ao narrar a superação do luto do menino Mahito. Nos deparamos com cenários e paisagens incríveis, em alguns momentos é possível perceber a pequenez e simplicidade do protagonista frente ao cenário, um erro para alguns, mas uma clara valorização estética de técnicas japonesas, como maburi e psicologia positiva. Apesar da primazia estética, o roteiro tem pouco envolvimento com o espectador que busca apenas entretenimento, traz muitas mensagens, mas não supera outras produções que discutem temas similares com As Memórias de Marnie (2014), em emoção ou Meu Amigo Totoro (1988), em simplicidade, mas é familiar e nostálgico aqueles que passaram pela fase clássica do Studio Ghibli. Miyazaki disse em entrevista ao iniciar a produção do longa que este era um filme que gostaria de deixar para seu neto, a mensagem deixada é de puro amor e demanda muita sensibilidade para compreender no enredo a construção do futuro com a superação e respeito ao passado. Em um ano que o Brasil volta a ter uma grande produção nacional de temática espírita, com os Nosso Lar 2: os Mensageiros, o mestre japonês nos diz que não somos eternos, nosso mundo não é perfeito, mas nossa jornada é curta para arrependimentos e amargores do passado, como diria o patrono da educação brasileira, “a Educação não transforma o mundo, a Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”, isto é, durante a dádiva que nos resta, faça alguém feliz, construa um mundo feliz. A falta de contato com a cultura oriental, seriedade e maturidade que o protagonista assume, pode torná-lo empático aos espectadores abertos apenas ao roteiro do longa, mas não aqueles que compreendem o contexto da trama quanto a trajetória cinematográfica de Miyazaki, que não é um filme da sessão da tarde, sem sombra de dúvidas a obra de deste grande animador deve ser mais que vista, apreciada!